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19 de agosto de 2013

Estranho amor



Rodrigo nunca notou aquela menina na sala de aula antes. Era uma sala com tanta gente que ele nem tinha percebido a existência de algumas pessoas ali, inclusive ela, até que, no meio da aula, ela caiu da cadeira e fez um estardalhaço. Foi a primeira vez que ele viu seu rosto. Ele era agradável, bonito e estranhamente familiar.
Ela lembrava um pouco a sua irmã Gertrude, mas era muito mais bonita.
Era a primeira vez que ele se apaixonou. Ambos tinhas 13 anos.

Ele se sentia tão bem em olhar para ele. Era como se algo seguro e aconchegante o rodeasse. E ela era tão, tão linda! Ele passou a olhar apenas para ela em todas as aulas. Chegava a persegui-la junto com seu grupinho de amigas no recreio. Queria saber dela, cuidar dela, protegê-la. E então decidiu se aproximar.

Começou mandando bilhetinhos românticos para ela, os quais ela olhava assustada e jogava fora sem ler. Depois passou a mandar flores pelo correio. Nunca teve uma resposta. Será que botou o endereço errado? Deu um passo à frente. Na sexta-feira, convidou-a para ir ao cinema. Ela recusou, de uma maneira assustada e ao mesmo tempo gentil. Ele insistiu. Ela disse que não podia dar uma chance para ele, talvez nem sequer falar com ele. Óbvio que Rodrigo não entendeu.
Qual o problema? As amigas dela debochariam dele? Ela achava ele feio, ou chato? Os pais dela a proibiam de namorar? Ou será que ela inventou isso porque não gostava dele?

Rodrigo continuou insistindo. Mandava cartas apaixonadas e bombons. Tentava dançar com ela em festas. Se aproximou das suas amigas para puxar conversa. Um dia, ela lhe chamou num canto e lhe deu um beijo. Não um beijo apaixonado, mas um beijo de leve no rosto, como de mãe pra filho. Já foi o suficiente para fazê-lo feliz.
E no dia seguinte ela sumiu. Nunca mais foi à escola nem aparecia passeando pelo seu bairro. Suas amigas disseram que ela havia mudado de cidade.

Anos depois ele conheceu uma mulher muito parecida com ela e se apaixonou perdidamente. A amou mais do que qualquer outra pessoa que já havia aparecido em sua vida. Se casou com ela e teve uma simpática filhinha. Quando a menina completou 13 anos, ele entendeu porque nunca poderia ter ficado com a sua primeira paixão.

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