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5 de novembro de 2011

Escola, uma jaula de crianças.



Tome cuidado ao ir pra escola. É um lugar assustador, cheio de pessoas estranhas. É um agrupamento de menores de 18 anos encarcerados para pensarem todos da mesma forma e realizarem tarefas incoerentes com o próprio conhecimento, apenas por causa de números. Sem falar nos seres estranhos que se encontram por lá.
As garotas costumam estar em dois tipos de grupos. O primeiro é a tribo das garotas maquiadas que fazem escova todo sábaado à noite - as "baladeiras". Seus assuntos costumam ser: fofocar (porém jamais falando bem dos outros), quem está pegando quem, quem estava esquisito na festa, o que aconteceu na festa, quem ficou bêbado demais, etc. O segundo grupo é formado por aquele tipo de menina que senta no colo das amigas, levanta os braços e começa a cantar músicas com a miguxa, com a mesma potência vocal de uma dupla sertaneja. Gostam de andar de pés descalços e mascam chiclete o tempo todo. Às vezes criam mantras e espalham suas profecias pelos quadros negros da escola, escrevendo as letras profundas das músicas que gostam. E, se você reparar, é impressionante como todas elas conseguem falar, pensar e agir da mesma maneira. Algum dia a Sociologia ainda vai estudar este estranho comportamento dentro das escolas.
Os garotos costumam ser divididos em mais subgrupos. Na sua maioria, há aqueles que só sabem falar de futebol. Mas existem mais, é claro: os fanáticos por videogame, os tarados, os certinhos, os que ainda não saíram do armário, os doidos por rock dos anos 70, entre outros. Você pode identificá-los de acordo com o assunto que falam e, principalmente, com o que está escrito no final do caderno de cada um. (Por exemplo: os que não tiverem nada são os certinhos que gostam de manter o caderno llimpo e organizado, os que tiverem placares do último campeonato são os loucos por futebol, os que tiverem letras bizarras de música são roqueiros, etc).
E quando você pensa que não podem existir mais problemas dentro daquele recinto, surge algo apavorante: a matéria. Claro, algumas são fáceis, outras difíceis, algumas gostamos, e outras não. Mas o que a coordenação escolar faz hoje em dia para nos passar de ano é impressionante. Em vez do esquema ser "quanto mais sabe a matéria, maior a nota", o esquema é "quanto mais o professor gosta de você e mais trabalhinhos fofos que não condizem com a matéria você faz, mais pontinhos de simpatia você ganha". Ou seja, o essencial é ser educado e ter capricho na hora dos trabalhinhos, e fazer cara de peninha quando tirar nota baixa no teste para poder chorar os pontos para o professor que fica com pena porque "você é esforçado" e te dá pontinhos sem nenhum merecimento.
Sem falar nos professores engraçadinhos que mandam você estudar "só" uma horinha por dia sua respectiva matéria, quando outros 13 ou 14 professores pedem o mesmo. Como se você não ficasse, no mínimo, um terço da sua vida dentro da escola, você tem que aumentar a dor de cabeça em casa. E mais, sempre, mas SEMPRE vai haver no mínimo dois ou três professores que você não suporta, vai se ferrar em suas respectivas matérias e terá que estudá-las para a recuperação quando todos estão de férias. Não é legal?


Mas ainda há algo pior: tem os professores metidos a fofuchos que são a favor da "socialização da tchurminha unida e feliz" e simplesmente te obrigam a se misturar com essas estranhas espécies fora da escola, para fazer trabalhinhos grupais. Logo, você é obrigado a sair de sua paz habitual para encontrar com essa gente que você não desejaria ver nem pintada de ouro, que nunca fazem nada mas sempre te pressionam para fazer o melhor trabalho possível, no prazo, porque vale metade da nota. E perceba que, se fosse apenas um por bimestre/trimestre, eu não estaria nem reclamando. Mas os coleguinhas gostam tanto do trabalho em grupo (já que não precisam estudar pra isso) que pedem para todos os professores passarem, no lugar do teste. Resultado? 6 ou 7 trabalhinhos super "divertidos" em grupo, todos para serem entregues no mesmo mês. Isso quando você ainda está tentando arranjar tempo para estudar aquela matéria da qual não sabe nada.
Resumindo: a escola, meu bem, é um zoológico. E mais: um zoológico nojento sem limpador de jaula. E nem adianta mudar: todas as escolas serão iguais, não por causas particulares, mas por causa de um pensamento geral da sociedade, o "jeitinho brasileiro" de educação. E não é à toa que a educação do Brasil anda tão fraca. E não adianta investimento do governo, não adianta nos empurrarem mais conteúdo, não adianta aumentar a rigorosidade nem preparar melhor para o vestibular: a verdadeira razão é essa, ou melhor, são essas que citei aí em cima. Os educadores que se cuidem. Até quando tudo isso vai se resolver do nosso jeitinho?

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